O planeta está ficando mais quente, e isso está acontecendo de forma mais rápida. Em um contexto de maior tensão e poli-crise, com a acelerada perda da biodiversidade, emergência climática, interrupções econômicas e conflitos, mais do que nunca é urgente acelerar a implementação de acordos-chave, como a Agenda 2030, o Plano de Ação de Adis Abeba sobre Financiamento para o Desenvolvimento e a maioria dos acordos climáticos.
O G20 é um fórum estratégico de cooperação econômica internacional e desempenha um papel importante na definição e reforço da arquitetura e governança global em todas as principais questões econômicas internacionais. Este evento discutirá um conjunto de propostas em construção no G20 para enfrentar os desafios globais que temos à frente, particularmente considerando que, em 2024, as prioridades estabelecidas pela presidência brasileira — combate à fome, à pobreza e às desigualdades, promoção do desenvolvimento sustentável e reforma da governança global — são parte essencial das reflexões que levam à Cúpula do Futuro, à IV Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento e à Convenção Global sobre Tributação.
Durante a Cúpula do Futuro, na sede da ONU em Nova York, aconteceu o evento paralelo “Economias justas, inclusivas e antirracistas para não deixar ninguém para trás”, uma iniciativa do C20, ao lado do Governo Brasileiro, Governo da África do Sul e da ONU Mulheres. As discussões giraram em torno da importância da questão de gênero nas políticas públicas, do enfrentamento à pobreza energética e da Aliança Global contra a Fome. A mediação do encontro foi da Sherpa do C20, Alessandra Nilo, que também é cofundadora da Gestos. Na pauta, as recomendações do C20 para o G20, nas áreas de políticas voltadas para a justiça e economias antiracistas, com o olhar para a diminuição das desigualdades.
A primeira dama do Brasil, Janja Lula da Silva, participou da mesa representando o Governo Brasileiro. Na sua fala, destacou que não há solução única para a fome e a pobreza, mas que a determinação política dos líderes globais, a troca de experiências, a cooperação e o investimento de recursos podem, efetivamente, erradicar de vez esses problemas. Ela também negritou a importância de colocar mulheres na centralidade das políticas econômicas, como forma de promover a igualdade de gênero. “A disparidade de gênero nestes espaços é algo que nós, mulheres, não podemos mais aceitar”, declarou. “Regiões afetadas conflitos armados e pela mudança do clima as disparidades no acesso à alimentação são ainda mais profundas, e demandam as políticas públicas que contemplem, as questões de gênero e raça”.
Durante o evento foram discutidos também posicionamentos do G20, sob a presidência brasileira, para acelerar o progresso rumo à erradicação da fome e da pobreza, promoção do desenvolvimento sustentável e combate às mudanças climáticas, por meio de soluções relacionadas ao alívio da dívida e reformas nas instituições financeiras internacionais (IFIs), bancos multilaterais de desenvolvimento e na arquitetura tributária global, com foco no apoio a políticas fiscais e financeiras antirracistas e sensíveis ao gênero, capazes de transformar o mundo. “A sociedade civil está comprometida em debater e contribuir para as transformações, as transformações que a gente sonha, em conjunto com os governos, com objetivos e metas para garantir o desenvolvimento sustentável. A coisa mais revolucionária que podemos fazer nos dias atuais é propagar a esperança”, finalizou Alessandra Nilo.